Variações no valor do diesel e na oferta de caminhões pesam diretamente no bolso dos consumidores; custos logísticos do modal rodoviário aumentaram 4,2% em 2025

Os custos envolvendo o transporte rodoviário podem representar até 15% do preço final dos alimentos, segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Dessa forma, quando o valor do combustível sobe ou até a oferta de caminhões varia, o consumidor e o produtor sentem diretamente no bolso.  

“O frete é um componente invisível que o consumidor raramente percebe, mas que está embutido em tudo que chega ao supermercado”, afirmou o gerente de novos negócios da Transvias, Célio Martins. “Uma rota redundante, carga ociosa ou caminhões rodando vazios são custos que se somam ao preço do alimento.”

TRANSPORTE IMPACTA PREÇOS DOS ALIMENTOS  

De acordo com o Instituto ILOS, os custos logísticos brasileiros atingiram R$ 940 bilhões em 2025 — um aumento de quase 7% em relação ao ano anterior. Já o modal rodoviário, responsável por 62% de toda a movimentação de cargas no Brasil, teve uma alta de 4,2%.  

Essa variação pode ser sentida pelo agronegócio, já que o transporte rodoviário concentra a maior parte do escoamento das safras e a colheita concentradas em poucos meses do ano resulta em picos de demanda por frete.  

Nesse cenário de alta, a Conab também registrou aumentos nas tarifas de transporte de grãos: no Piauí, a alta média foi de 39%; no Maranhão, 26,8%; no Paraná, subiu até 20% em municípios como Campo Mourão.

Somado ao valor do combustível, a precariedade da infraestrutura também pode afetar os custos dos alimentos. Por exemplo, transportar uma tonelada de grãos até a China chega a US$ 110 no Brasil. Já nos Estados Unidos e na Argentina o valor fica entre US$ 56 e US$ 57.

SOLUÇÕES PARA REDUÇÃO DE CUSTOS  

Segundo o gerente de novos negócios da Transvias, Célio Martins, será difícil reduzir o peso do frete no preço final enquanto o transporte depender quase exclusivamente das rodovias. “O país precisa investir em modais alternativos e, ao mesmo tempo, melhorar a eficiência do transporte rodoviário existente”, explicou.  

Além disso, especialistas do setor sugerem a roteirização inteligente e o uso de cargas fracionadas planejadas que, segundo estudos do Instituto de Transporte e Logística (ITL), podem reduzir em até 20% o custo por tonelada transportada.  

Outro ponto levantado é a necessidade de políticas públicas, a exemplo de programas como o “Renovabio”, e iniciativas para estimular o transporte ferroviário e hidroviário, para diminuir a dependência do modal rodoviário. “A solução para o custo do frete não está apenas na mão do produtor ou do transportador. É um esforço conjunto, que precisa unir tecnologia, gestão eficiente e investimento em infraestrutura”, destacou Martins.

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